Chip TI, mal utilizado?

A Texas Instruments (TI) enfrentará uma votação sobre uma resolução de acionistas que busca informações sobre um possível uso indevido de seus produtos, incluindo a incursão da Rússia na Ucrânia. A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) recusou-se a conceder permissão à TI para omitir a medida na sua próxima assembleia anual de accionistas.

Especificamente, a proposta apresentada pela Friends Fiduciary Corporation (FFC) exigiria que o conselho da TI “encomendasse um relatório independente de terceiros… Em relação ao processo de devida diligência [da empresa] para determinar se o abuso de seus produtos pelo cliente coloca a empresa em “risco significativo ”De direitos humanos e outras questões.

A FFC, uma organização Quaker sem fins lucrativos que presta serviços de gestão de investimentos, exige que o Conselho de Administração e a administração, conforme apropriado, incluam as seguintes informações em seus relatórios:

Processo de devida diligência para evitar que usuários proibidos acessem ou realizem usos proibidos em regiões afetadas por conflitos e de alto risco, como a Rússia
O papel do Conselho na supervisão da gestão de riscos nesses locais
Avalie o risco significativo para o valor do acionista representado pelo uso indevido dos produtos da empresa
Avaliar políticas, práticas e medidas de governação adicionais necessárias para mitigar os riscos identificados.

As organizações multilaterais, os estados e os organismos contabilísticos estão a tomar medidas para implementar a devida diligência obrigatória em matéria de direitos humanos na UE, afirmou a FFC, instando as empresas a reportarem sobre os direitos humanos e os conflitos como riscos significativos.

A TI observou que seus chips semicondutores são projetados para atender a uma variedade de funções básicas em produtos de uso diário, como máquinas de lavar louça e carros, e disse que “qualquer dispositivo conectado à parede ou que tenha bateria provavelmente usará pelo menos um chip da TI”. A empresa disse que venderá mais de 100 bilhões de chips em 2021 e 2022.

A TI disse que mais de 98 por cento dos chips enviados em 2022 para a maioria das jurisdições, usuários finais ou usos finais não exigiam licença do governo dos EUA, e o restante foi licenciado pelo Departamento de Comércio dos EUA quando necessário.
A empresa escreveu que ONGs e relatos da mídia indicam que os malfeitores continuam a encontrar maneiras de obter semicondutores e transferi-los para a Rússia. “A TI opõe-se fortemente à utilização dos seus chips em equipamento militar russo e… Investe recursos significativos por conta própria e em parceria com a indústria e o governo dos EUA para evitar que maus atores obtenham os chips da TI.” Mesmo os sistemas de armas avançados requerem chips comuns para executar funções básicas, como gestão de energia, detecção e transmissão de dados. Os chips comuns podem desempenhar as mesmas funções básicas em utensílios domésticos, como brinquedos e eletrodomésticos.

A TI destacou as dificuldades enfrentadas pelos seus especialistas em compliance e outros gestores na tentativa de manter seus chips fora do alcance de mãos erradas. Diz que estes incluem:
Empresas que não são distribuidoras autorizadas compram chips para revender a terceiros
“Os chips estão por toda parte… Qualquer dispositivo conectado à parede ou com bateria provavelmente usará pelo menos um chip TI.”
“Os países sancionados envolvem-se em ações sofisticadas para fugir aos controlos de exportação. O baixo custo e o tamanho pequeno de muitos chips agravam o problema.
“Apesar do exposto e do investimento significativo da empresa em seu programa de conformidade projetado para evitar que chips caiam nas mãos de malfeitores, os proponentes procuraram interferir nas operações comerciais normais da empresa e microgerenciar esse esforço complexo”, escreveu TI.